Entrevista exclusiva com a cantora Marina Elali, que atualmente está lançando o novo álbum “Dorme em Paz”

A cantora e compositora Marina Elali, dona de diversos hits nas trilhas de novelas globais, como “One Last Cry” e “Eu Vou Seguir”, está lançando seu novo trabalho com canções de ninar!

A inspiração para o trabalho surgiu durante a pandemia. Com a paralisação dos shows, surgiu a urgência de produzir novas músicas. A primeira faixa, é “Dorme em Paz”, composição de Marina com a famosa melodia de ninar do alemão Johannes Brahms. “Compus essa canção na época em que amamentava minha filha. Achei tão sensível, que resolvi compartilhar com outros pais”, conta a mãe da pequena Luna, que usou a maternidade como sua maior inspiração para o novo trabalho.

O projeto conta com cinco faixas, que serão lançadas gradativamente nas principais plataformas digitais. Entre os lançamentos, o trabalho conta com as participações especiais do Padre Fábio de Melo e da cantora Claudia Leitte.

Querida no meio musical, Marina Elali é formada em música e canto pela renomada Berklee College of Music, em Boston e coleciona duetos com grandes nomes da música nacional e internacional como Ivete Sangalo, John Secada e Carlinhos Brown.

E nesta entrevista Marina falou um pouquinho sobre como entrou no mundo da música, seu mais novo projeto, o mercado fonográfico, suas influências, processo criativo, pandemia e muitos outros assuntos, se liga que tá linda demais essa entrevista! 

  • Como surgiu seu interesse em entrar no mundo da música?

R: Eu diria assim que foi de forma muito natural, porque quando eu era pequenininha, meu primeiro contato com a música foi no balé. Eu comecei a fazer balé com dois anos e meio. E aí, eu me apaixonei por música, pelo piano clássico e a música clássica. Depois disso eu comecei a cantar no coral da escola onde eu estudei. Nasci em Natal, no Rio Grande do Norte, e comecei a cantar no coral quando eu tinha 7 anos. Antes de entrar no coral eu já sabia: eu queria ser artista.

Mas eu era muito tímida e as pessoas nem desconfiavam que eu na verdade queria ser cantora e tal.  Com 12 anos, eu fiz teatro também na escola. Então foi super importante pra mim! Porque depois eu estudei piano. Então assim, as coisas foram acontecendo naturalmente.

Aos meus 15 anos, eu resolvi fazer a minha estreia, né?

Eu comecei cantando de costas, cantando uma música de Whitney Houston do filme “O Guarda Costas”. Foi minha primeira apresentação na vida, estava muito nervosa!

Inclusive na noite da minha festa de 15 anos, na hora eu falei para o meu pai; “Pai, eu não vou porque eu estou com muita vergonha e com medo.” E aí terminou com meu pai fez; “não filha, você falou que queria ser artista, você falou que ia cantar, você se preparou. Então, você tem que ir em frente. Vamos lá!” .

E aí foi assim que começou, meio que com um empurrão. E aí as pessoas ficaram impressionadíssimas.

E tinha um amigo nosso que era um produtor musical, lá de Natal e ele falou; “nossa, tem que botar Marina para fazer show”.  E quando vi, eu estava fazendo shows.

A paixão pelo mundo da música veio naturalmente, talvez tenha uma relação grande com a minha questão genética, porque eu sou neta do compositor Zé Dantas que foi um dos maiores parceiros de Luiz Gonzaga, o rei do baião.

E o meu avô que eu não conheci. Infelizmente! Foi um grande compositor!

Os maiores compositores da música brasileira.

Aquela música que fala “ela só quer, só pensa em namorar”, é do meu avô. Entre vários outros sucessos que Gonzaga gravou.

Se existe uma questão genética, se está no DNA, mas realmente a música me escolheu.

  • Quais são suas influências musicais?

R: Minhas influências musicais são muitas, porque como eu falei, eu venho de uma família nordestina. Meu avô compositor, parceiro de Gonzagão, então sempre ouvi muito forró, e minha mãe sempre amou o MPB. Caetano, Gil, Chico Buarque e o meu pai é árabe, então você vê que é uma mistura muito grande.

Meu pai árabe sempre ouviu música árabe em casa e sempre gostou muito de música internacional. Eu cresci ouvindo muitos estilos musicais diferentes. Tudo que fazia sucesso naturalmente no nordeste. Além do forró, tinha axé na época da minha adolescência e tinha esse lado muito forte da MPB, por causa da minha mãe, e o meu pai sempre ouvindo música americana, música italiana, música árabe, meu universo sempre foi musical.

São muitas influências!

Eu sou apaixonada pela música brasileira e apaixonada pela música internacional.

  • Geralmente como funciona o seu processo de criação nas melodias e composições?

R: Geralmente eu começo pela melodia, eu gosto mais de fazer melodia antes e depois de encaixar uma letra.

Eu faço tanto melodia quanto a letra nas duas coisas, gosto muito de compor no piano, é o instrumento que geralmente uso para compor, mas não é toda música que eu faço sozinha, né?! Tenho vários parceiros, pessoas maravilhosas que entraram na minha vida e adoro também compor com parceiros.

Eu acho que é bem legal, é interessante porque por exemplo nesse momento da pandemia, a gente tem que compor pelo WhatsApp.

Eu mando uma melodia para um parceiro, vamos fazer a letra, aí manda um pedaço da letra pelo WhatsApp e a gente se fala e faz vídeo chamada.

E tem um um fato curioso sobre o meu lado compositora: Que eu tenho muita música de amor. Que fala de certa forma de um momento triste, talvez de uma separação ou qualquer coisa assim. É engraçado, pois quando eu estou muito feliz, é quando eu componho melhor, é quando eu fico mais criativa e com mais vontade de compor.

Geralmente vem de momentos felizes!

E tem muita música do meu trabalho que inclusive são músicas reais, de histórias, por exemplo.

Eu tenho uma música que se chama “encontrei” que foi tema de uma novela da Globo, a música que eu fiz com um grande produtor Latino que se chama Júlio Rei Escopeiro, que ele trabalha com Jennifer Lopez, Ricky Martin. Mas aí a gente fez a música junto, a melodia e eu fiz a letra.

Mas também tem aquela música que é por encomenda, né? Como por exemplo uma vez eu fui convidada por Mariozinho Rocha que era o diretor musical da Globo, para fazer uma letra em português, pra uma música que é hoje, a minha música “eu vou seguir”, que é uma das músicas de maiores sucessos da minha carreira.

Então, é assim “a gente quer essa música, com a letra mais ou menos nesse sentido”. E eu tive a honra de compor essa letra com Dudu Falcão que pra mim é um dos maiores compositores do Brasil e eu tenho a alegria e honra de ser parceira dele. A gente têm outras músicas juntos, inclusive outros temas de novelas também.

  • Como você vê o mercado fonográfico atualmente?

R: O mercado está muito mais democrático, né? Porque antigamente para uma pessoa gravar um disco, gravar uma música: você precisava ter uma gravadora, porque era muito caro entrar em estúdio, era caríssimo!

Então você tinha que ter um investimento, tinha que ter alguém ali apoiando e hoje em dia não. Hoje em dia tem um lado maravilhoso, que por causa da tecnologia você consegue com laptop, pouquíssimos equipamentos, gravar um disco dentro de um quarto.

Então tem um lado muito bom, porque muita gente que não tinha acesso aos estúdios, que não conseguia um contrato com a gravadora tá podendo mostrar o seu trabalho na internet.

A gravação é tudo hoje em dia e fica um pouco mais difícil das pessoas se destacarem.

E aí fica um pouco mais difícil, porque antes tinha aquele funil, da gravadora, tinha aquele monte de artista, que escolhia a gravadora, que investia, e aí a pessoa conseguia ter aquele destaque, mas são novos momentos que estamos vivendo.

Eu acho que tem um lado muito bom sim, porque tem muita gente com muito talento que tá conseguindo gravar, tá conseguindo registrar sua música, fazer vídeos, lançar e colocar à disposição do mundo através da internet.

Então, acho que tá bem mais democrático, e acho bem bacana!

  • Qual a sua visão diante das gravadoras, você acredita que elas perderam espaço com a era do streaming?

R: Olha… no momento de transição do mundo físico para o mundo digital, com certeza as gravadoras passaram por um momento bastante delicado. Porque é uma transição como qualquer transição na vida.

As gravadoras já conseguiram se organizar, se adaptaram a esse novo momento e voltaram a ter força. E elas voltaram a ser uma ferramenta muito importante para os artistas. Os artistas que têm contratos com uma grande gravadora que tem o apoio mesmo da parte da assessoria, de tudo isso, com certeza ajuda bastante.

Ainda é muito importante!

E as gravadoras elas conseguiram se adaptar de uma forma que elas voltaram a ganhar dinheiro. A serem poderosas!

Mas ali teve um momento que realmente balançou bastante. As pessoas até ficaram achando que as gravadoras iam acabar e acontecer algumas fusões. Por exemplo Sony, BMG, enfim várias coisas aconteceram. Mas elas conseguiram se reerguer.

Eu acredito que hoje as gravadoras estão no momento bem melhor do que quando o iTunes surgiu, por exemplo.

Eu sinto muita falta, eu claro que eu adoro essa facilidade de poder pegar o meu Spotify e colocar qualquer nome, ouvir qualquer música e encontrar qualquer artista com facilidade, mas eu acho que tinha também um encantamento na época do disco que a gente pegava.

Eu acho que era muito mágico, eu acho que até pra própria arte era diferente.

O envolvimento das pessoas quando você comprava o disco, olhava capa, olhava as fotos, olhava os créditos. Eu amava olhar o nome dos músicos, o nome dos arranjos. Por exemplo esse Spotify pelo menos agora já tem o nome dos compositores, do produtor. Mas eu acho que ainda não é justo, acho que tinha que ter uma ficha técnica completa, porque as pessoas que escutam a música, elas tem que saber que existe o compositor, o produtor, o cara que mixou, que masterizou. Então, eu gosto muito de valorizar as pessoas que trabalham por trás, porque às vezes as pessoas só olham a Marina Elali, a cantora, mas e a galera que está por trás? Também merece todos os destaques.

A equipe é muito importante, mas enfim, estamos aí! Tá tudo certo, e a gente vai se adaptando.

Mas eu tenho saudade daquele gostinho… “Ai, meu Deus saiu o CD novo de fulano de tal, vamos ouvir.”

  • Então, como você (artista) está lidando com as complicações de uma pandemia?

R: Ah, essa pandemia o momento é muito delicado, para todo mundo, mas assim, para os artistas está sendo muito difícil. Porque tem muita gente, por exemplo… Se você é um psicólogo, você está atendendo por vídeo chamada, em casa, desde o início da pandemia, se você trabalha para uma empresa, você ficou no tal do home office, mas um artista, como é que o artista fica? E aí o que aconteceu? Foi que deu aquelas lives. Muitos artistas fizeram Lives porque ama cantar, porque não queria ficar distante dos seus fãs, mas não teve aquele monte de patrocínio que alguns artistas tiveram e muitos músicos ficaram numa situação muito delicada.

Então, é muito triste ver a situação de muitos músicos.

Inclusive têm amigos que estão passando por dificuldade.

Eu tinha uma turnê que estava marcada, vários shows e tudo isso foi cancelado.

O coraçãozinho aperta porque a gente tem saudade do palco, tem saudade das viagens, fãs e estar ali no camarim.

A nossa vida parou!

Tudo mudou!

Eu como artista, sinto muita falta!

Eu na verdade tinha de certa forma me preparado para ficar um tempinho mais reclusa, porque eu tive a minha filha e aí foi justamente quando a minha filha nasceu que começou essa história toda pandemia.

Então eu já estava meio que nos meus planos ficar um pouquinho, mas só, um pouquinho em casa.

É claro que não esse tempo todo, até porque, por exemplo, quando eu estava gravida, eu fiz show até o 8º mês de gravidez e quando a minha filha estava com três meses já estava fazendo show de novo. Mas por causa da pandemia tudo isso parou. Então assim, o meu plano não era parar, era fazer um pouquinho menos, trabalhar um pouquinho menos, para dar atenção para minha filha.

Mas eu rezo todos os dias pelo mundo, pela cura das pessoas e para que isso passe logo.  Não é por minha causa, mas por causa de todo mundo.

Eu sei que está mexendo não só com o lado financeiro da vida das pessoas, mas também com o lado emocional. Tem muita gente passando por momentos delicados emocionalmente falando.

É um momento muito atípico, muito triste!

Eu confesso que eu não consigo mais acompanhar as notícias, porque eu fico completamente arrasada!

Mas assim, eu tentei me manter ativa durante todo esse tempo, e foi daí que eu fiz algumas lives, eu fiquei lançando alguns clipes, que eu estava já com eles gravados e estavam guardadinhos.

Então eu consegui durante a pandemia lançar três clipes das músicas.

Um dia eu estava cantando para a minha filha, uma das músicas que eu sempre cantei para ela dormir.

Aí postei um trechinho no meu Instagram e muitas mães falaram “Marina compartilha” e foi quando surgiu essa ideia de fazer um álbum com canções de ninar.

Eu tenho um estúdiozinho em casa, então eu estou gravando em casa mesmo e muito feliz em poder compartilhar com outras famílias, que tenham um bebê em casa.

Essas músicas que trazem paz e tranquilidade para as mamães e para os pais. 

Tudo que a gente está precisando nesse momento!

  • Durante essa pandemia, como tem sido produzir e da conta da vida materna?

R: Tem sido uma loucura!

Mas a gente está conseguindo resolver. Desde que a minha filha nasceu, a gente não conseguiu ter ajuda de ninguém. Só sou eu e o paizinho dela aqui tomando conta dela. Ele trabalhando, eu também produzindo músicas novas, produzindo o clipe, fazendo Live, é só a gente para cuidar dela. Agora ela fez dois aninhos, e tem sido uma loucura!

A gente tem esse cuidado, desde o início a gente sempre levou a sério a questão do isolamento, todos os cuidados, até quando a gente sai com ela. Quando a gente sai, geralmente é pra lugares bem tranquilos, e abertos, e quando a gente vê que tem um pouquinho mais de gente, a gente coloca uma mascarazinha nela. Tem gente que fala que é exagero, mas eu prefiro pecar pelo excesso e cuidar da minha família e cuidar da minha filha.

E as pessoas tem uma imagem da Marina elegante, nem imagina como é que eu fico aqui no meu dia a dia de pijama, de roupão, carinha lavada, olheira… Muitas vezes porque eu fico tentando trabalhar de madrugada para poder dar tempo de fazer as coisas. As mamães entendem, a gente se vira, a gente consegue, a gente é guerreira, a gente é forte, a gente é capaz e Graças a Deus eu estou conseguindo produzir e ser mãe, mesmo sem ajuda. Ela nunca teve babá, a gente nunca teve ninguém que arrumasse a casa.

Aqui tudo é a gente mesmo, desde limpar o chão do banheiro até aparecer linda no clipe novo.

Mas assim, eu confesso que eu estou muito cansada e louca para tudo isso passar, para a gente poder ter alguém aqui pra ajudar, porque não está fácil. Mas graças a Deus eu sou muito forte e estou conseguindo dar conta.

  • Sabemos que neste novo álbum com canções de ninar, terá cinco faixas, e a primeira intitulada “Dorme em Paz” já está nas plataformas digitais e está sendo um grande sucesso, o que podemos esperar dessas novas 4 faixas?

R: Este projeto é muito especial para mim, muito especial mesmo.

Porque é um projeto que vem do lugar mais puro. De um amor tão grande, que é esse amor que eu sinto pela minha filha.

Ela que foi a inspiração do projeto!

O “Dorme em paz” foi a primeira, essa foi uma das primeiras músicas que eu compus para ela, e me lembro que eu ficava amamentando e ficava sempre cantando, na verdade eu canto pra ela, desde que ela estava na minha barriga.

Essa melodia comecei a colocar letra e eu ficava olhando para ela, de repente ela dormia e um dia fiz a letra, e deixei guardadinha e quando eu postei no Instagram.

Falaram assim; “Marina compartilha com a gente, grava música toda, a gente quer ouvir, me ajuda a colocar minha filha para dormir, meu filho”.

E aí, foi quando eu resolvi fazer o projeto.

Mas começou com a ideia de gravar o “Dorme em paz”.

Ai conversando com as pessoas da minha equipe, a gente falou “vamos fazer um álbum” porque eu canto muitas musiquinhas pra ela. Mas aí, eu escolhi as cinco que são especiais e a gente falou vamos convidar alguém para participar do projeto e como o projeto fala sobre o amor, não só o amor materno, mas esse amor que a gente sente por um filho.

Eu também queria falar muito sobre fé e passar essa mensagem de fé, de esperança, de carinho, de amor, de coisas boas, que eu acho que é o que estou vivendo agora. O que eu sinto como mãe.

Aí a gente pensou em convidar o padre Fábio, eu fiquei muito feliz, porque eu não conheço o padre Fábio pessoalmente. E quando a gente convidou ele através da equipe dele, e recebi a resposta positiva, fiquei muito feliz.

Que legal, que incrível!

A música está gravada, vai ser lançado em breve com clipe também e com a linda participação dele [Padre Fábio de Mello].

Eu fiquei muito emocionada!

E aí, a gente queria também uma participação feminina e há muitos anos que os meus fãs, e eu tenho muitos fãs em comum com a Claudinha Leite.

“Meu sonho é ver você, e a Claudinha” e eu fiquei sempre com isso na cabeça.

E eu achei que era o momento perfeito, porque eu compus uma música que se chama “mãe de menina” com um parceiro meu, que se chama Cláudio Novate.

Mãe de menina, vamos convidar alguém que tenha sido mãe de menina recentemente, falei meu Deus, Claudinha, Claudinha mãe de Bela, princesa linda!

Aí ela também topou a gravação.

Ficou linda, linda, linda, emocionante!

E as outras duas músicas, são músicas canções de ninar.

Porque ser mãe é maravilhoso, mas também é muito difícil, é muito cansativo e eu acho que a música, eu acho não, tenho certeza, a música, ela ajuda muito!

Então, eu quero através dessas músicas ajudar não só os bebês a dormirem, mas ajudar também as mães a se sentirem mais tranquilas, mais relaxadas, mais calmas.

É um disco muito bonito, com mensagens positivas, bonitas, de amor e fé. A minha intenção com esse projeto é que entre na casa e no coração dessas pessoas, e que faça muito bem a todas.

Jornalista: Sara Monteiro

Correção: Tatiane Ferreira Lima

Deixe um comentário